OPINIÃO: EMPATIA ASSERTIVA
- Eduardo Saigh
- 17 de mar.
- 3 min de leitura

Recentemente li o livro “Empatia Assertiva”, edição revisada do ano de 2021, de autoria de Kim Scott. Kim foi executiva do Google onde liderou as equipes de operações e vendas do DoubleClick, Youtube e AdSense, compostas por 700 pessoas. Depois, trabalhou na universidade corporativa da Apple, desenvolvendo cursos de gestão para líderes de primeira viagem e para líderes experientes.
Hoje, a autora trabalha com o desenvolvimento de executivos, utilizando o conceito desenvolvido por ela própria e que dá nome ao livro chamado de empatia assertiva.
Tomei conhecimento da autora fazendo a curadoria da TechrxNews, a Newsletter da Techrx, e achei o título do livro interessante. Comprei esse e o “Trabalho justo: fazendo essa m*rda rápido & do jeito certo”, que só pelo título já coçou os meus olhos de curiosidade.
O conceito de empatia assertiva é relativamente simples de ser entendido e até explicado:
Segundo a autora, para ser um bom chefe, você precisa se importar pessoalmente (Ah, vá?) com as pessoas ao mesmo tempo que as confronta diretamente. É a capacidade de dar feedbacks sinceros e diretos, sem ser rude ou insensível, ao mesmo tempo em que se demonstra preocupação real pelo outro. Essa abordagem ajuda a construir relacionamentos mais sólidos no ambiente de trabalho, promovendo uma cultura de confiança, aprendizado e crescimento.
O modelo funciona em 4 quadrantes divididos entre os eixos: Importar-se Pessoalmente e Desafiar Diretamente.

Se confrontá-las sem se importar com elas, cairá na armadilha da agressividade ofensiva (agressão detestável).
Caso se importe, mas não as confronte, demonstrará empatia nociva (empatia ruinosa).
Se não se importar com as pessoas e nem as confrontar, será um exemplo de insinceridade manipuladora.
Se você se importar verdadeiramente com as pessoas e as desafiar continuamente, chegará na empatia assertiva.
A autora explica longa e detalhadamente o significado, as situações e como lidar com cada um dos quadrantes. Após essas explicações, fica claro que o modelo de empatia assertiva é um modelo de feedback travestido de um modelo de liderança – sendo que o que conhecemos como feedback é uma, das diversas, ferramentas de gestão e liderança e não um modelo ou filosofia completo de administração.
É, e aqui que o livro se perde e se torna um interessante diário de memórias profissionais e fonte de informação sobre o surgimento de outras ferramentas de gestão que usamos até hoje como o 9 Box.
Nada contra. Pelo contrário.
Eu realmente gosto muito de saber a origem dos conceitos e ferramentas e usamos no dia a dia. Saber o “porque”, facilita os “comos”, trazendo agilidade e simplicidade para uma agenda caótica e urgente por performance.
POSOLOGIA
É um livro de gestão que mistura fácil leitura e exemplos práticos recentes – o que para um livro de gestão já merece certo destaque. Indico o livro para líderes e desenvolvedores de líderes que já tem conhecimento e bagagem em áreas como comunicação, cultura organizacional, ferramentas de feedback, desenvolvimento de liderança e performance.
Para empresas e líderes que já usam as ferramentas de feedback na sua gestão e cultura, o conceito de empatia assertiva é uma excelente alternativa as ferramentas tradicionais.
CONTRAINDICAÇÃO
Não indico o livro para líderes inexperientes e nem para empresas que não tenham cultura e governança corporativa sólidas. Para quem tem o mínimo de experiência nos intrincados quebra-cabeças corporativos e empresariais é muito fácil projetar resultados desastrosos, caso o que é proposto no livro seja implantado sem o mínimo de preparo.
A própria autora reconhece isso no prefácio à edição revista com o título de “Sinceridade Radical com Empatia Assertiva”.
Em tempos de NR-01 e cuidados sobre saúde mental é muito importante entender e adaptar os conceitos apresentados, sobre tudo, nos seguintes aspectos:
A cultura brasileira é bem diferente da americana. O pode ser considerado um comportamento objetivo e sincero lá, pode facilmente ser considerado assedioso e tóxico por aqui.
Empresas como Google e Apple são a epitome de culturas organizacionais sólidas, maduras e de alta performance. É muita burrice inocência achar que um livro de 283 páginas terá a fórmula secreta do modelo mágico de liderança que funcionará para todas as empresas de todos os setores.
TRECHO DESTAQUE
“Muitas empresas contratam, para dar treinamento, pessoas que jamais contratariam para o fazer o trabalho. Ou, pior, em vez de demitir pessoas que não apresentam bom desempenho em uma função, as encarregam de ensinar outras a desempenhar a função.”
Esse é o tipo de reflexão e sabedoria que o livro apresenta aos montes. Sagacidade pura, de quem viveu e viu muita coisa no mundo corporativo e decidiu compartilhar com as outras pessoas. Eu gostaria que os líderes e fundadores empresariais, bem como executivos de sucesso brasileiros, tivessem mais ambição, vontade ou espaço para compartilhar as suas visões, reflexões e experiências profissionais.
VALE À PENA?
Muito.
Com as ressalvas já citadas, é um livraço.
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